terça-feira, 5 de julho de 2011

Mudando a Forma de Pensar

Cris Manfro, psicóloga clínica, terapeuta de família e casal e mediadora familiar

Muitas vezes escuto algumas pessoas falarem que em suas vidas nada muda, que nada dá certo. Mas para que as coisas mudem em suas vidas, ou para que você tenha outras respostas para as mesmas coisas, é fundamental que seus pensamentos e atitudes também mudem. As pessoas costumam se agarrar às suas verdades, não abrindo mão de ficar com a vida de “cartilha única” e assim acabam como que emolduradas. Uma vida emoldurada nos mesmos pensamentos. Para muita gente, repesar é ter que questionar toda uma vida. Isso pode ser muito assustador e nem todos têm humildade para fazer isso. Mesmo que isso pudesse representar a libertação para uma vida muito melhor, com resultados muito melhores. Desta forma, não evoluem, não melhoram suas relações nem suas vidas, e vão cavando, com o tempo, o próprio buraco.
 
Questionar como me comporto como marido, como esposa, como mãe, como amiga, é fácil. Mas avaliar verdadeiramente os resultados dentro da maneira como costumo agir nem sempre é fácil. Há muito tempo atendi, num posto de saúde, um pai que já havia sido preso duas vezes por agressão aos filhos. Porém, ele dizia que os filhos eram mal criados e que ele precisava fazer aquilo para que eles “aprendessem”. Acabou perdendo por completo o contato com os filhos. Outra vez soube de uma mãe alcoólatra que acordava os filhos na madrugada para destratá-los. Ela comentava que os filhos eram ruins para ela e que eles mereciam ouvir certas verdades. A gente nunca imagina que uma mãe ou um pai possam ser as pessoas más numa história. E muitas vezes nem eles próprios se dão conta disso.
 
Certa vez um marido, após perder o vínculo com todos os seus familiares e se imaginar envelhecendo sozinho, me disse: “sempre achei que meu jeito de agir era o certo e que todos estavam errados, menos eu. Sempre senti que eu era a vítima de tudo. Na minha família de origem ninguém se dava bem. Eu merecia o céu, apesar de tornar a vida dos meus filhos e da minha esposa um inferno. Cada um dos membros da minha família de origem acusava o outro de ser louco. Minha irmã dizia que eu era louco, eu dizia que ela era louca e assim por diante. Acabei fazendo a mesma coisa com minha mulher e com os filhos. Do modo como funcionava minha família de origem, como meu pai agia comigo e com meus irmãos, sempre fomentando a competição entre nós, com cada um querendo tirar vantagem sobre o outro. E eu acabei fazendo tudo igual na minha casa. O resultado ruim que tive com minha família de origem, acabei tendo com a família atual.”

É sempre mais fácil cobrar atitudes dos outros, do que pensar “como eu funciono, que tipo de atitudes eu tenho, como me comporto, o que faço para que as coisas dêem errado, por que as pessoas se afastam de mim?” É mais fácil se vitimar do que se questionar sobre o que eu faço para ter resultados diferentes. É difícil reconhecer que erramos, que não somos vítimas. Algumas igrejas chamam esse reconhecimento dos nossos próprios erros de “se converter”. Tirando a parte religiosa, creio que o significado correto seja: uma conversão para dentro de si mesmo, assumindo os próprios erros, para que os resultados possam ser mudados e você possa viver melhor, em harmonia e feliz com todos. Winston Churchill afirmava: “somente mudando a forma de pensar é que se podem ampliar as fronteiras do possível.”

Então, amplie suas fronteiras!